quinta-feira, 19 de março de 2009

Papa não poderia trocar tesouros do Vaticano por comida para a África



A proposta lançada no Facebook é mais complicada do que parece
Por Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 13 de março de 2009 (ZENIT.org).- «Trocar tesouros do Vaticano por comida para a África. Topa?». Com esta mensagem um internauta abriu um espaço no Facebook. Em poucos dias, até esta sexta-feira pela manhã, 32.146 membros haviam aderido. O cardeal Paul Josef Cordes, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum, esclarece que, independentemente do aspecto provocador ou ideológico da proposta, o Papa não poderia aplicá-la, pois o direito internacional o impede. O presidente do organismo da Santa Sé responsável pela orientação e coordenação entre as organizações e as atividades caritativas promovidas pela Igreja Católica explicou a situação à Zenit em um encontro com jornalistas. A iniciativa do Facebook foi lançada por um jovem espanhol, Alberto Juesas Escudero, que explica a proposta com alguns argumentos. Alguns deles são: «Porque é uma vergonha ver as riquezas do Vaticano e depois o noticiário». Outros dos argumentos são: «Porque não admitem seus erros jamais. Porque não pregam com o exemplo. Porque Jesus nasceu em uma manjedoura e vivia em pobreza». A motivação conclui com expressões ofensivas: «Que vergonha o Vaticano! Que vergonha a religião católica!». Em sua resposta à pergunta da Zenit, o cardeal Cordes explica que ele escuta este tipo de propostas há 40 anos, e que antes elas se repetiam até mais.Explica que quando João Paulo II o chamou a Roma para colaborar com ele na Cúria Romana, «o clima era muito forte contra o Vaticano. Então, naquela época, eu me informei e descobri que a Igreja não pode fazer o que quer com as obras de arte que estão no Vaticano». Na realidade, esclarece, a Igreja «tem a tarefa de conservar as obras de arte em nome do Estado Italiano. Não pode vendê-las». O purpurado não só cita a teoria, mas sobretudo se refere à realidade. Explica que, quando nos anos 60 um benfeitor alemão fez uma doação para restaurar o Colégio Teutônico, que se encontra dentro do Vaticano, a direção dessa residência, como gesto de agradecimento, deu-lhe uma estátua simples, que não tinha um valor comparável a outras que se encontram nos Museus Vaticanos, que se encontrava dentro do colégio. Essa pessoa teve muitíssimos problemas com o Estado italiano, pois foi acusado de subtrair bens que a Itália deve custodiar, explicou o cardeal. «Em todas as nações há medidas para a defesa das obras de arte, porque o Estado deve mantê-las», declara, recordando que os bens da Santa Sé também fazem parte da história cultural da Itália. O cardeal recorda, por outro lado, que sem a obra da Igreja Católica, o sistema de saúde e educativo de algumas regiões da África não existiria. «Presidentes africanos reconhecem quando vêm encontrar com o Papa», explica o cardeal Cordes. Sem a Igreja na África, uma parte dos portadores do HIV ficaria abandonada, pois a Igreja, com sua rede de hospitais, é a instituição que acolhe o maior número de pessoas com este vírus.Segundo explica o cardeal Cordes, ao atrair o interesse dos meios de informação do mundo por sua próxima viagem à África (Camarões e Angola), de 17 a 23 de março, o Papa centrará a atenção nas necessidades que a África vive, impulsionando ao mesmo tempo medidas concretas de autêntica solidariedade e respeito.

domingo, 15 de março de 2009

A PROPÓSITO DE UMA EXCOMUNHÃO

Ives Gandra da Silva Martins Filho Ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Fonte: Correio Brasiliense. Brasília, quinta-feira, 12 de março de 2009

Desde que se tornou conhecida, pela divulgação na mídia, a declaração do arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, de que incorreram na pena de excomunhão os que executaram e consentiram no aborto dos gêmeos que esperava a menina de 9 anos de Alagoinha (PE), estuprada pelo padrasto, têm faltado pedras para atirar no referido prelado e na Igreja Católica. Chocou o Brasil a notícia da gestação da menina pernambucana. Mas, em relação ao aborto praticado, o que mais choca é a distorção de fatos, de modo a se justificar a morte dos gêmeos, aproveitando-se também o episódio para se condenar a Igreja Católica por sua intransigência.Interessante notar que os mesmos que defendem ferrenhamente a separação da Igreja e do Estado, em nome do laicismo, não admitindo que a Igreja se manifeste em defesa da vida por ocasião da discussão judicial sobre o aborto, são aqueles que, no presente episódio, vêm prescrever o que a Igreja deve dizer ou pensar sobre seus dogmas e doutrina, lembrando muito a incoerência voltariana do Tratado da Tolerância: devemos tolerar todos, menos “a infame” (a Igreja Católica).Eis os fatos, segundo os testemunhos do Conselho Tutelar de Alagoinha e do pároco da cidade: em que pese o parecer unânime do referido conselho, contrário ao aborto, e da vontade inicialmente manifestada pelo pai e pela mãe da menina pela preservação da vida dos netos, a pressão de uma assistente social, com a transferência da menina para outro hospital, o aborto foi realizado, com a maior rapidez, para evitar discussões, sempre sob o argumento, altamente discutível, de que a gestação levaria fatalmente à morte da mãe e das crianças. E qual foi a declaração do tão criticado arcebispo? Que o crime do aborto é mais grave do que o crime do estupro, estando os que o praticaram, e consentiram na sua realização, excomungados “ipso facto”.Eis o direito aplicável à hipótese: a) Código Penal Brasileiro — ainda que seja crime, o aborto não se pune quando a gestação resulta de estupro (art. 128, II); b) Código de Direito Canônico da Igreja Católica — a excomunhão “latae sententiae” é aquela na qual incorre o fiel católico pelo simples fato de praticar o aborto, independentemente de processo e sentença expressa, em face da extrema gravidade do delito (cc. 1314, 1318 e 1398); para o fiel católico, a excomunhão significa ficar privado de receber os sacramentos (c. 1331, § 2º); pode ser levantada se estiver arrependido e houver se confessado (cc. 1355, § 2º, 1357, § 1º, e 1358, § 1º).Ou seja, o que dom Fernando Cardoso Sobrinho fez foi apenas esclarecer que, pelo ato que praticaram, os que provocaram o aborto da menina de Alagoinha deixaram de participar da comunhão da Igreja Católica. Podem voltar a ela? Claro, desde que arrependidos do gravíssimo pecado que cometeram e devidamente perdoados pelo sacramento da confissão.É questão de coerência. Ninguém é obrigado a pertencer à Igreja. Mas se o faz, deve estar de acordo com sua doutrina, defendida em sua integralidade pela Igreja Católica por mais de dois milênios. Diante de tantas contemporizações, sempre se buscando atenuar as exigências do Evangelho, não é demais lembrar, como dizia um santo de nosso tempo, que não é a doutrina de Cristo que deve se adaptar às épocas históricas, mas os tempos é que se devem abrir à luz do Evangelho.Diante de tão triste episódio, só podemos nos solidarizar com a dor imensa da menina estuprada e obrigada a abortar, lamentar o sacrifício de duas vidas humanas, e nos colocar ao lado de dom José Cardoso Sobrinho, para, junto com ele, receber as pedras que ainda continuarão a ser atiradas nele e na Igreja Católica pela intransigente defesa da vida humana.

sábado, 14 de março de 2009

A pergunta que não foi feita

Por Dom Orani João Tempesta

Na semana passada estivemos, junto com todo o presbitério da Arquidiocese de Belém, no “deserto” do retiro espiritual e as informações nos chegavam poucas e entrecortadas. O retiro sempre é um tempo de reflexão e aprofundamento da vida espiritual, em vista de uma caminhada de conversão e maior aproximação de Deus.Ao retornar para a missão diária vi a discussão em torno do caso da criança que teve outra criança abortada na região Nordeste e o destaque que algumas emissoras de comunicação deram, principalmente aquelas mandadas por grupos religiosos independentes.Não posso acreditar que os direitos humanos sejam só para um lado, assim como não sei como cristãos conseguem defender o assassinato de inocentes. É realmente interessante o fato e o destaque que foi dado!Mesmo considerando que para Igreja, segundo o Direito Canônico, o fato da morte de um inocente indefeso é um ato que tira da comunhão eclesial a pessoa que o pratica, porém depende também da liberdade de consciência com que a pessoa está ao fazê-lo.Quando uma pessoa que, tendo seus desequilíbrios emocionais, é capaz de usar sexualmente e brutalmente de uma criança a sociedade deveria se perguntar: “porque chegamos a isso?”Do modo que coisas se movem no mundo, é bem capaz que o que hoje é crime amanhã seja virtude, como já aconteceu em muitas outras situações – veja-se nesse caso toda a campanha pró-aborto.Na sexta-feira passada, a Caritas Metropolitana assinou, em nome da Comissão de Defesa da Vida da Arquidiocese, um convênio com um hospital que passará a ajudar a acolher mulheres em situação de risco devido a esse tipo de problema.Diante de um fato deparado por nós nesse mesmo dia, a magistratura só soube oferecer um tipo de ajuda: a de matar a criança por nascer e ainda ameaçando a mãe da menor que estava nessa situação. Fala-se tanto de direitos para todos e critica-se a Igreja por defender a todos.Interessante é o depoimento da mãe da adolescente, que testemunhou que o único lugar em que não foi maltratada e sim respeitada foi o escritório da Caritas. Em todos os demais lugares só recebeu acusações e maus tratos. Interessante e confuso esse nosso mundo!Mas a pergunta ainda continua: por que essas coisas acontecem? A nossa resposta está na mudança de época e de cultura que ora vivemos. A desvalorização da vida, da família, dos valores, da fé acabou conduzindo-nos a um estilo de vida hedonista, subjetivista, consumista e laxista, que parece não ter volta. Mas nós acreditamos que o nosso mundo tem jeito! É essa nossa esperança e nossa luta!As situações degradantes e complexas irão aumentar enquanto não avançarmos para uma sociedade moderna, onde as pessoas se respeitam, respeitam a vida e sabem cultivar valores. Enquanto vivermos na “idade da pedra”, resolvendo as coisas matando os inocentes e criando violência em nossa frágil sociedade, o homem sempre terá saúde da utopia do “mundo novo”.Gostaria muito que pensássemos sobre esses caminhos por onde hoje andamos enquanto vivemos a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, que questiona justamente as bases de nossa sociedade.Da resposta que dermos a essas interrogações dependerá o nosso futuro.
Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro

Fonte: www.cleofas.com.br

Testemunho de um médico que realizou vários abortos em sua carreira

Eis o testemunho de um médico que realizou vários abortos na sua carreira e, somente diante da morte de sua filha de 23 anos, caiu em si e admitiu o crime que cometia. Sua filha morreu de infecção generalizada após ter tentado fazer um aborto."Eu sou o único filho homem de uma família humilde do interior de Minas. Com sacrifício e união de todos, fui o único que teve a chance de estudar, pois minha irmãs não passaram do ensino médio. Mamãe, uma simples costureira, gastou os seus olhos nas costuras que fazia até de madrugada para ajudar o meu pai. Papai era um guarda noturno. Por isso vocês podem até imaginar o sacrifício que fizeram para ter um filho médico!Quando me formei, jurei a mim mesmo que jamais a necessidade bateria em nossa porta novamente. Escolhi a ginecologia e obstetrícia, depois de anos de estudos. Das maiores dificuldades enfrentadas como médico recém-formado, me deparei com a realidade da minha profissão. Ia longe o tempo que os médicos ficavam ricos, e eu queria mais, queria enriquecer, ter dinheiro, e foi assim que violei o juramento que fiz ao me formar: de dar a vida para salvar a vida. Inúmeras crianças eu ajudei a vir ao mundo, mas também muitas delas eu não permiti que nascessem, envolto na respeitabilidade de médico.Enriqueci escondido sob a faixa da vitalidade. Montei meu consultório eu em pouco tempo se tornou o mais procurado da região. Sabe o que eu fazia? Aborto. E como todos que cometem este crime, eu dizia a mim mesmo que todas as mulheres teriam o direito da escolha, e que era melhor serem ajudadas por médico, com o qual não corriam risco de vida, do que procurarem as clínicas clandestinas, onde o índice de morte e complicações são alarmantes.E foi assim, cego e desumano, meu ofício na medicina. Eu constituí família abastardo, muito rico, e nada faltou aos meus entes queridos. Meus pais morreram com a ilusão que seu filho era um doutor bem sucedido, um vencedor. Criei minhas duas filhas com o dinheiro manchado de sangue de inocentes; fui um dos mais desprezíveis humanos. Minhas mãos, que deveriam ser abençoadas para a vida, trabalharam pela morte.Eu só parei quando Deus, em sua sabedoria infinita, rasgou a minha consciência e fez sangrar o meu coração; sangrar com o mesmo sangue de todos os inocentes que não deixei nascer. Letícia, a minha filha mais nova, no auge da vida deixou de respirar. No seu atestado de óbito, a causa da morte: infecção generalizada. Letícia, aos 23 anos de idade, engravidou e buscou o mesmo caminho de tantas outras que me procuraram: o aborto. Só soube disso quando nada mais poderia ser feito.Ao lado do leito de morte da minha filha eu vi as lágrimas de todos os anjinhos que eu matei! Enquanto ela esperava a morte, eu agonizava junto; foram seis dias de sofrimento para que, no sétimo dia, ela descansasse e partisse ao encontro de seu filhinho, este que o médico assassino como eu impediu de nascer.Foi tempo suficiente para refletir, reflexão que veio apenas no início da manhã que Letícia morreu. Exausto pelas noites em claro, adormeci ao lado de minha filha e sonhei que eu andava por um lugar absolutamente escuro e o ar era quente e úmido; eu queria respirar e não podia, queria fugir, mas, desesperado, fui jogado por um lugar onde o barulho me deixava mais louco. Eram choros, choros doidos de crianças. No meu pensamento, como se um raio me cortasse ao meio, veio um entendimento: os choros eram de dor, eram lamentos dos anjinhos de que eu tirei a vida. Era a triste conseqüência dos meus atos impensados. Os choros aumentava: Assassino! Assassino! Alucinado para sair daquele lugar, eu passei a mão no rosto para secar o meu suor e as minhas mãos se mancharam de sangue! Aterrorizado ao fazer aquela constatação, gritei com a força que me restava nos pulmões; o meu grito era um pedido de perdão: Deus me perdoe! Somente assim eu consegui voltar a respirar normalmente e, no sobressalto, eu acordei. Acordei em tempo de acolher o último suspiro de vida de minha filha Letícia que morreu na manhã do dia 3 de março de 1989. Sua vida ceifada pela inconseqüência de um médico, por infecção provocada por um aborto.Eu sei que, através daquele sonho, Deus me levou para um lugar onde os anjinhos ficam quando são barbaramente impedidos de nascer. Eu entendi que, a partir do momento da fecundação do óvulo, existe vida, donde se conclui que eu sou um assassino. Só não sei se um dia Deus vai me perdoar.Mas para amenizar a minha culpa, a minha dor, eu fechei meu consultório, vendi todos os bens que conseguira na vida com a prática do aborto e, com o dinheiro, montei uma casa de amparo às mães solteiras. E me dedico hoje, gratuitamente, a fazer uma medicina de verdade. Hoje sou médico de carentes, de desamparados, desvalidos. As crianças que vêm ao mundo hoje, através das minhas mãos, são filhos que adotei e sei que tenho uma única missão: trazer vida ao mundo e dar condição para que as crianças tenham um lar feliz onde o pai é Jesus.Rezem por mim, rezem por mim, rezem para que Deus tenha piedade de mim e me perdoe, porque eu tenho certeza que não fugirei do juízo final".
Fonte: padreedson.blogspot.com

terça-feira, 10 de março de 2009

BRASIL: maior país católico do mundo, ou será, maior país herege do mundo?



Nesses últimos dias um fato, triste e lamentável, tem me feito pensar sobre até onde vai a fé católica dos brasileiros (as). Desde criança ouço dizer queo o brasil é o maior país católico do mundo, mas será que é mesmo? Todos anos as TVs brasileiras mostram uma enorme quantidade de fiéis católicos participando das procissões de Corpus Christi, das romarias à Aparecida do Norte; sem contar, é claro, os milhões de católicos que foram ao encontro do Papa Bento XVI quando este esteve por aqui. Porém, nada disso tem me convencido. Onde estavam todos esses católicos quando dois bebês gêmeos foram covardemente abortados (assassinados) no estado de Pernambuco?

A imprensa herege do Brasil atacou de maneira infame o senhor Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, durante quase uma semana, acusando-o de ter excomungado uma avó e toda uma equipe médica (?) por terem estes participado da morte brutal de dois inoscentes. Só que essa mesma imprensa não teve o devido cuidado de se informar, antes de fazer o primeiro anúncio do ocorrido, de que o que Dom José Cardoso fez foi apenas um alerta aos católicos. Ele não excomungou ninguém, pois de acordo com o Código de Direito Canônico, todo aquele que comete ou participa, direta ou indiretamente, de um aborto, está automaticamente excomungado (excomunhão latae sentenciae). Sem contar que, todo mundo sabe que a Igreja Católica condena veementemente o aborto em todos os casos e situações. Mas mesmo assim, muitos preferem se fazer de doido para poderem apoiar um crime covarde, como o é de fato o aborto, sem abalar suas consciências.

Será que o Brasil ainda pode se considerar o maior país católico do mundo? Um país onde grande parte da sociedade fecha os ouvidos à voz do Papa, não participa da Santa Missa todos os domigos, só vão á igreja em Missa de 7º dia ou em batizados. Caluniam de todas as formas possíveis a Santa Igreja Católica. Dizem muitos por aí, 'Ah, sou católico do meu jeito.' Pois é, são católicos do seu próprio jeito, menos do jeito de Jesus Cristo, que é o jeito que a Igreja ensina.

Mas voltando ao assunto anterior, a imprensa que se diz imparcial, deixou de mostrar e, nem se quer mencionou, o relatório que foi lavrado pelo pároco de Alagoinha (PE) a cidade onde ocorreu o fato mórbido, o Pe. Edson Rodrigues. Mas eis que agora eu mostrarei, logo a baixo, esse relatório na íntegra.




GRÁVIDA DE GÊMEOS EM ALAGOINHA

Por Pe. Edson Rodrigues


O lado que a imprensa deixou de contar


Há cerca de oito dias, nossa cidade foi tomada de surpresa por uma trágica notícia de um acontecimento que chocou o país: uma menina de 9 anos de idade, tendo sofrido violência sexual por parte de seu padrasto, engravidou de dois gêmeos. Além dela, também sua irmã, de 13 anos, com necessidade de cuidados especiais, foi vitima do mesmo crime. Aos olhos de muitos, o caso pareceu absurdo, como de fato assim também o entendemos, dada a gravidade e a forma como há três anos isso vinha acontecendo dentro da própria casa, onde moravam a mãe, as duas garotas e o acusado.
O Conselho Tutelar de Alagoinha, ciente do fato, tomou as devidas providências no sentido de apossar-se do caso para os devidos fins e encaminhamentos. Na sexta-feira, dia 27 de fevereiro, sob ordem judicial, levou as crianças ao IML de Caruaru-PE e depois ao IMIP (Instituto Médico Infantil de Pernambuco), de Recife a fim de serem submetidas a exames sexológicos e psicológicos. Chegando ao IMIP, em contato com a Assistente Social Karolina Rodrigues, a Conselheira Tutelar Maria José Gomes, foi convidada a assinar um termo em nome do Conselho Tutelar que autorizava o aborto. Frente à sua consciência cristã, a Conselheira negou-se diante da assistente a cometer tal ato. Foi então quando recebeu das mãos da assistente Karolina Rodrigues um pedido escrito de próprio punho da mesma que solicitava um “encaminhamento ao Conselho Tutelar de Alagoinha no sentido de mostrar-se favorável à interrupção gestatória da menina, com base no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e na gravidade do fato”. A Conselheira guardou o papel para ser apreciado pelos demais Conselheiros colegas em Alagoinha e darem um parecer sobre o mesmo com prazo até a segunda-feira dia 2 de março. Os cinco Conselheiros enviaram ao IMIP um parecer contrário ao aborto, assinado pelos mesmos. Uma cópia deste parecer foi entregue à assistente social Karolina Rodrigues que o recebeu na presença de mais duas psicólogas do IMIP, bem como do pai da criança e do Pe. Edson Rodrigues, Pároco da cidade de Alagoinha.
No sábado, dia 28, fui convidado a acompanhar o Conselho Tutelar até o IMIP em Recife, onde, junto à conselheira Maria José Gomes e mais dois membros de nossa Paróquia, fomos visitar a menina e sua mãe, sob pena de que se o Conselho não entregasse o parecer desfavorável até o dia 2 de março, prazo determinado pela assistente social, o caso se complicaria. Chegamos ao IMIP por volta das 15 horas. Subimos ao quarto andar onde estavam a menina e sua mãe em apartamento isolado. O acesso ao apartamento era restrito, necessitando de autorização especial. Ao apartamento apenas tinham acesso membros do Conselho Tutelar, e nem tidos. Além desses, pessoas ligadas ao hospital. Assim sendo, à área reservada tiveram acesso naquela tarde as conselheiras Jeanne Oliveira, de Recife, e Maria José Gomes, de nossa cidade.
Com a proibição de acesso ao apartamento onde menina estava, me encontrei com a mãe da criança ali mesmo no corredor. Profunda e visivelmente abalada com o fato, expôs para mim que tinha assinado “alguns papéis por lá”. A mãe é analfabeta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões digitais nos citados documentos.
Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respeito do aborto. Valendo-se se um sentimento materno marcado por preocupação extrema com a filha, ela me disse da sua posição desfavorável à realização do aborto. Essa palavra também foi ouvida por Robson José de Carvalho, membro de nosso Conselho Paroquial que nos acompanhou naquele dia até o hospital. Perguntei pelo estado da menina. A mãe me informou que ela estava bem e que brincava no apartamento com algumas bonecas que ganhara de pessoas lá no hospital. Mostrava-se também muito preocupada com a outra filha que estava em Alagoinha sob os cuidados de uma família. Enquanto isso, as duas conselheiras acompanhavam a menina no apartamento. Saímos, portanto do IMIP com a firme convicção de que a mãe da menina se mostrava totalmente desfavorável ao aborto dos seus netos, alegando inclusive que “ninguém tinha o direito de matar ninguém, só Deus”.
Na segunda-feira, retornamos ao hospital e a história ganhou novo rumo. Ao chegarmos, eu e mais dois conselheiros tutelares, fomos autorizados a subirmos ao quarto andar onde estava a menina. Tomamos o elevador e quando chegamos ao primeiro andar, um funcionário do IMIP interrompeu nossa subida e pediu que deixássemos o elevador e fôssemos à sala da Assistente Social em outro prédio. Chegando lá fomos recebidos por uma jovem assistente social chamada Karolina Rodrigues. Entramos em sua sala eu, Maria José Gomes e Hélio, Conselheiros de Alagoinha, Jeanne Oliveira, Conselheira de Recife e o pai da menina, o Sr. Erivaldo, que foi conosco para visitar a sua filha, com uma posição totalmente contrária à realização do aborto dos seus netos. Apresentamo-nos à Assistente e, ao saber que ali estava um padre, ela de imediato fez questão de alegar que não se tratava de uma questão religiosa e sim clínica, ainda que este padre acredite que se trata de uma questão moral.
Perguntamos sobre a situação da menina como estava. Ela nos afirmou que tudo já estava resolvido e que, com base no consentimento assinado pela mãe da criança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser tomados pelo IMI dentro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de encontrar bases legais e fundamentos para isto. Ela, embora não sendo médica, nos apresentou um quadro clínico da criança bastante difícil, segundo ela, com base em pareceres médicos, ainda que nada tivesse sido nos apresentado por escrito.
Justificou-se com base em leis e disse que se tratava de salvar apenas uma criança, quando rebatemos a idéia alegando que se tratava de três vidas. Ela, desconsiderando totalmente a vida dos fetos, chegou a chamá-los em “embriões” e que aquilo teria que ser retirado para salvar a vida da criança. Até então ela não sabia que o pai da criança estava ali sentado ao seu lado. Quando o apresentamos, ela perguntou ao pai, o Sr. Erivaldo, se ele queria falar com ela. Ele assim aceitou. Então a assistente nos pediu que saíssemos todos de sua sala os deixassem a sós para a essa conversa. Depois de cerca de vinte e cinco minutos, saíram dois da sala para que o pai pudesse visitar a sua filha. No caminho entre a sala da assistente e o prédio onde estava o apartamento da menina, conversei com o pai e ele me afirmou que sua idéia desfavorável ao aborto agora seria diferente, porque “a moça me disse que minha filha vai morrer e, se é de ela morrer, é melhor tirar as crianças”, afirmou o pai quase que em surdina para mim, uma vez que, a partir da saída da sala, a assistente fez de tudo para que não nos aproximássemos do pai e conversássemos com ele. Ela subiu ao quarto andar sozinha com ele e pediu que eu e os Conselheiros esperássemos no térreo. Passou-se um bom tempo. Eles desceram e retornamos à sala da assistente social. O silêncio de que havia algo estranho no ar me incomodava bastante. Desta vez não tive acesso à sala. Porém, em conversa com os conselheiros e o pai, a assistente social Karolina Rodrigues, em dado momento da conversa, reclamou da Conselheira porque tinha me permitido ver a folha de papel na qual ela solicitara o parecer do Conselho Tutelar de Alagoinha favorável ao aborto e rasgou a folha na frente dos conselheiros e do pai da menina. A conversa se estendeu até o final da tarde quando, ao sair da sala, a assistente nos perguntava se tinha ainda alguma dúvida. Durante todo o tempo de permanência no IMIP não tivemos contato com nenhum médico. Tudo o que sabíamos a respeito do quadro da menina era apenas fruto de informações fornecidas pela assistente social. Despedimo-nos e voltamos para nossas casas. Aos nossos olhos, tudo estava consumado e nada mais havia a fazer.
Dada a repercussão do fato, surge um novo capítulo na história. O Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso, e o bispo de nossa Diocese de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, sentiram-se impelidos a rever o fato, dada a forma como ele se fez. Dom José Cardoso convocou, portanto, uma equipe de médicos, advogados, psicólogos, juristas e profissionais ligados ao caso para estudar a legalidade ou não de tudo o que havia acontecido. Nessa reunião que se deu na terça-feira, pela manhã, no Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, estava presente o Sr. Antonio Figueiras, diretor do IMIP que, constatando o abuso das atitudes da assistente social frente a nós e especialmente com o pai, ligou ao hospital e mandou que fosse suspensa toda e qualquer iniciativa que favorecesse o aborto das crianças. E assim se fez.
Um outro encontro de grande importância aconteceu. Desta vez foi no Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, na tarde da terça-feira. Para este, eu e mais dois Conselheiros, bem como o pai da menina formos convidados naquela tarde. Lá no Tribunal, o desembargador Jones Figueiredo, junto a demais magistrados presentes, se mostrou disposto a tomar as devidas providências para que as vidas das três crianças pudessem ser salvas. Neste encontro também estava presente o pai da criança. Depois de um bom tempo de encontro, deixamos o Tribunal esperançosos de que as vidas das crianças ainda poderiam ser salvas.
Já a caminho do Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, por volta das cinco e meia da tarde, Dom José Cardoso recebeu um telefonema do Diretor do IMIP no qual ele lhe comunicava que um grupo de uma entidade chamada Curumins, de mentalidade feminista pró-aborto, acompanhada de dois técnicos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, teriam ido ao IMIP e convencido a mãe a assinar um pedido de transferência da criança para outro hospital, o que a mãe teria aceito. Sem saber do fato, cheguei ao IMIP por volta das 18 horas, acompanhado dos Conselheiros Tutelares de Alagoinha para visitar a criança. A Conselheira Maria José Gomes subiu ao quarto andar para ver a criança. Identificou-se e a atendente, sabendo que a criança não estava mais na unidade, pediu que a Conselheira sentasse e aguardasse um pouco, porque naquele momento “estava havendo troca de plantão de enfermagem”. A Conselheira sentiu um clima meio estranho, visto que todos faziam questão de manter um silêncio sigiloso no ambiente. Ninguém ousava tecer um comentário sequer sobre a menina.
No andar térreo, fui informado do que a criança e sua mãe não estavam mais lá, pois teriam sido levadas a um outro hospital há pouco tempo acompanhadas de uma senhora chamada Vilma Guimarães. Nenhum funcionário sabia dizer para qual hospital a criança teria sido levada. Tentamos entrar em contato com a Sra. Vilma Guimarães, visto que nos lembramos que em uma de nossas primeiras visitas ao hospital, quando do assédio de jornalistas querendo subir ao apartamento onde estava a menina, uma balconista chamada Sandra afirmou em alta voz que só seria permitida a entrada de jornalistas com a devida autorização do Sr. Antonio Figueiras ou da Sra. Vilma Guimarães, o que nos leva a crer que trata-se de alguém influente na casa. Ficamos a nos perguntar o seguinte: lá no IMIP nos foi afirmado que a criança estava correndo risco de morte e que, por isso, deveria ser submetida ao procedimentos abortivos. Como alguém correndo risco de morte pode ter alta de um hospital. A credibilidade do IMIP não estaria em jogo se liberasse um paciente que corre risco de morte? Como explicar isso? Como um quadro pode mudar tão repentinamente? O que teriam dito as militantes do Curumim à mãe para que ela mudasse de opinião? Seria semelhante ao que foi feito com o pai?
Voltamos ao Palácio dos Manguinhos sem saber muito que fazer, uma vez que nenhuma pista nós tínhamos. Convocamos órgãos de imprensa para fazer uma denúncia, frente ao apelo do pai que queria saber onde estava a sua filha.
Na manhã da quarta-feira, dia 4 de março, ficamos sabendo que a criança estava internada na CISAM, acompanhada de sua mãe. O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (FUSAM) é um hospital especializado em gravidez de risco, localizado no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife. Lá, por volta das 9 horas da manhã, nosso sonho de ver duas crianças vivas se foi, a partir de ato de manipulação da consciência, extrema negligência e desrespeito à vida humana.Isto foi relatado para que se tenha clareza quanto aos fatos como verdadeiramente eles aconteceram. Nada mais que isso houve. Porém, lamentamos profundamente que as pessoas se deixem mover por uma mentalidade formada pela mídia que está a favor de uma cultura de morte. Espero que casos como este não se repitam mais.
Ao IMIP, temos que agradecer pela acolhida da criança lá dentro e até onde pode cuidar dela. Mas por outro lado não podemos deixar de lamentar a sua negligência e indiferença ao caso quando, sabendo do verdadeiro quadro clínico das crianças, permitiu a saída da menina de lá, mesmo com o consentimento da mãe, parecendo ato visível de quem quer se ver livre de um problema.
Aos que se solidarizaram conosco, nossa gratidão eterna em nome dos bebês que a esta hora, diante de Deus, rezam por nós. “Vinde a mim as crianças”, disse Jesus. E é com a palavra desde mesmo Jesus que continuaremos a soltar nossa voz em defesa da vida onde quer que ela esteja ameaçada. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo, 10,10). Nisso cremos, nisso apostamos, por isso haveremos de nos gastar sempre. Acima de tudo, a Vida!Pe. Edson RodriguesPároco de Alagoinha-PE

Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).
Para citar este artigo:
RODRIGUES, Pe Edson. Apostolado Veritatis Splendor: GRÁVIDA DE GÊMEOS EM ALAGOINHA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5639. Desde 06/03/2009.




Será que, depois de ler esse relátório, alguém poderá ainda pensar e falar mau daquele pobre bispo que foi fiel à sua Igreja e a seus mais nobres princípios cristãos? Mas o que me deixa ainda mais indignado é que, do estuprador da menina de nove anos quase ninguém falou, mas do pobre bispo todo mundo falou, condenou e desrespeitou covardemente.

Afinal de contas, somos um país de maioria católica, ou um país de hereges? Até onde vai a nossa fé?



sábado, 7 de março de 2009

Apresentação

Ao criar este pequeno informativo on-line minha intenção é levar à muitas pessoas artigo e textos, em sua maioria escritos por padres, bispos e leigos que conhecem de maneira mais aprofundada a Doutrina da Igreja Católica, como também alguns textos de minha autoria. Desta forma espero colaborar para que as verdades da Fé sejam propagadas e acolhidas. Escolhi como ilustração para esta apresentação um quadro que retrata a Santíssima Virgem Maria com seu filho Jesus no colo. Ela foi sem dúvida alguma, foi e continua sendo, o maior modelo de cristão, de alguém que sabe ouvir e obedecer à voz de Deus em sua vida. Do seu “sim” nasceu a nossa Salvação, Jesus Cristo, a Luz que veio ao mundo para iluminar os nossos corações e nos livrar das ciladas e armadilhas do Maligno. O título deste informativo, O Despertar da Vida, é para alertar a muitos que ainda estão adormecidos no sono da morte (o pecado) e completamente alheios das coisas de Deus e da sua Igreja. Vivem como se Deus não existisse. Blasfemam, caluniam, desprezam e rejeitam-no e à sua Santa Igreja. Já não dão ouvidos à voz do Santo Padre, o Papa. E o resultado está aí, estampado nos jornais e nas tevês, a violência e o aumento da depravação na sociedade, que a cada dia parece estar voltando ao paganismo e se esquecendo da moral cristã. O maior exemplo disso é o próprio Brasil, que é considerado o maior país católico do mundo e, no entanto, tem um governo pro - aborto. Isso é o que mais causa indignação nos verdadeiros católicos, que infelizmente, parecem estar em extinção, mas Deus é maior. Para concluir esta apresentação ficaremos com a seguinte citação bíblica: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Romanos 12, 1-2)